Blue Living - Be water my friend..

...mais do q pessoal, reflexoes sobre a crescente desumanidade social e sobre as nossas lendas pessoais...a minha? o mar!

sexta-feira, setembro 05, 2008

Iluminuras

Pára as tuas lágrimas, guarda-as para o fim, ou para um dia mais alegre.
Não esforces a tua alma, mantém-na maritimamente preenchida.
A tua dor não é. Desculpa. A tua dor não foi. Desculpa. A tua dor não será.
Não é, não foi e nem será a única dor no mundo.
Talvez seja até a tua maior dor. Mas relembra: ainda só viveste até agora.
Já ali ao lado, ao virar da esquina, ao atender uma chamada, ao receber uma carta,
ao avistar um casal, pode ganhar figura a tua nova maior dor.
As vias nervosas conduzem a dor corpo acima, corpo abaixo.
E não há medida possivel, nem doutos cientificos que te salvem.
É dor de alma. E para a dor de alma não há analgésico.
Tem-na quem se entrega. Tem-na quem se dedica. Tem-na quem ama. Tem-na quem vive!
Tenho pena de quem não sinta a dor nestas palavras.
Talvez não tenha vivido, talvez tenha até padecido à dor.
Há corações que não sobrevivem. Desistem. Desistem da vida.
Os Resgates são confusos e complexos novelos entremeados.
São a razão porque algumas vezes damos encontrões em pessoas, na rua, sem entender de
onde é que aparecem. Tornam-se tão cinzentas que se confundem com os pavimentos.
Deixam de se ver.
Sabes, detestava dar-te um encontrão desses.
Isso ia significar que nem a cor dos teus olhos iria conseguir ver.
E significava também que o som do piano iria deixar de fazer sentido.
E o que seria das cartas que te escrevo? Para quando te encontrar, as recitar uma por uma,
linha por linha, matemáticas mas inocentes como a tabuada.
Responde-me:
O que seria feito das minhas arquitecturas românticas?
Ou dos meus devaneios eróticamente sensuais?
Pior ainda, como poderei eu voltar a acreditar, se nem tu, nem ninguém voltar a acreditar?
Se a toda a Dor não passar, vou ficar sozinho, sem ter quem amar?
Porque viver é jogo para quatro mãos, dois caminhos, duas vontades.
Pensa comigo, não quero ser uma raça extinta, nem o abominavel homem das dores.
Por isso, rogo-te: Pára! Pára as tuas lágrimas.
Ou melhor, deixa-as chover, para regarem o teu novo jardim, terra fértil de esperança.

"Não me interessa quem foste, mas sim quem és, e quem podes vir a ser para mim...e para ti."

A gota

Certa manhã, o perturbador dia nascente, trouxe consigo algo mais que um tímido sol.
Trazia consigo o profundo peso da última gota.
A taça de sofrimentos transbordou e a vida terminou.
Numa dança do destino, ligou-me na noite anterior.
Mais uma pergunta banal, um pedido afavorado rotineiro.
O conforto acolchoado do meu refugio criou um tempestivo "não quero saber, hoje não te
posso ajudar com esse esquema!".
A noticia apanhou-me na sua táctica e surpresa armadilha, num daqueles dias em que
apesar de tudo aparentar normalidade, alguma coisa não bate totalmente certo, alguma peça
do puzzle não esta encaixada.
Afinal, essa foi a derradeira conversa. Não sei ao certo quanto minutos ou horas depois a gota
esgorregou levando-o consigo para outro local.
Acredito que essa sensação surge porque o nosso Criador, decidiu enquanto nos moldava os
corações, colocar um pouco do coração de cada um misturado no nosso. Surge assim a
compaixão e a tolerância.
Talvez por isso seja tão intimo este pesar de culpa, que no fundo não tem substância a não
ser na cabeça. Mas não deixa de ser irónico, quando julgas que uma simples palavra tua
vire gota, ou a última gota.
Neste ultimo reduto, um não, é um meteorito que cai do céu, arrasando com a última réstia
de esperança de que afinal, o nosso criador nunca nos coloca dores maiores que aquelas que
sabe que conseguimos ultrapassar.
Somos todos daltónicos às cores da morte.
Se calhar, comigo, houve um engano, e todos estes sinais são a minha condenação.
E tendendo o Universo para o equilibrio, cabe-me a mim repor o balanço.
O silêncio, é a minha estrada.
Coveiro, quando escavares a minha última morada, fa-la pouco funda, para que eu possa sentir
a chuva nos dias tristes, e descobrir que afinal o céu também chora.