Blue Living - Be water my friend..

...mais do q pessoal, reflexoes sobre a crescente desumanidade social e sobre as nossas lendas pessoais...a minha? o mar!

domingo, maio 20, 2012

Águas de Maio

Águas de Maio

Feito o pacto, abandonaste o corpo.
Ascendeste a uma altura que ninguém te compreende.
Circulas flutuando por entre os presentes, mas é por entre os ausentes que te sentes gente.
O coração já não bate. Sente.
O ar já não te oxigena. Preenche.
Os teus sons, misturados por palavras, são canções de surdina, subliminares.
Melodias e harmonias. Queres ver-me dançar... Eu ponho-te a dançar!
Eu procuro por ti. Estendo-.te a mão, a minha dança é um gingar de esperança.
Quando foi que te toquei o coração? Quando é que te fiz sorrir a primeira vez? E da última?

Dizes-me coisas duras de tragar. Pior que o fumo de cem cigarros.
Mas eu encaixo. E continuo.
Acredito que consigo tocar-te, mudar-te, compreender-te, dominar-te.
Mas tu és vento. Glaciar em movimento.
Eu sou uma quebra-gelo, uma quebra-corações. E vou-te alcançar e fragmentar.
Em bocadinhos pequenos, para arrumar no meu congelador.

Tu não sabes, mas a vida não é uma tarde de domingo com bolhas de sabão no jardim.
Não me levas a sério. Não levas nada a sério.
Como consigo eu apegar o desapego?
Esta caminhada... valerá a pena? Tu não olhas para mim. Eu não te vejo olhar para mim como os outros homens olham.
Não me mostras o que se vê nos filmes. Não me escreves musicas de amor nem poemas de dor.
Não me sentes?
Eu quero tanto desmistificar-te... Atrás desses olhos que tesouros guardas tu?
Para onde foges tu, quando a musica inicia?
Onde moras tu, quando a noite cai?
E quando a solidão te visita, que roupa vestes?
Tu és a sombra e a luz.
Será que é verdade? Celibato? Abstinência? ... Não faças isso... o fruto proibido é o mais apetecido.
Estalas os dedos e desapareces. Não te consigo adivinhar. És tão familiarmente estranho.
Deixa-me entrar em ti. Encosta-te a mim. Ama-me. Faz-me sentir que a vida faz sentido, nos teus braços.
Quero.te! Queres-me? Olho-te!! Olha-me!! 


Feito o pacto, abandonaste o corpo.
Ascendeste a uma altura que ninguém te compreende.
Circulas flutuando por entre os presentes, mas é por entre os ausentes que te sentes gente.
O coração já não bate. Sente.
O ar já não te oxigena. Preenche.

Aqui nesta folha, eu sou tu, e tu és eu. E um outro dia também.