Blue Living - Be water my friend..

...mais do q pessoal, reflexoes sobre a crescente desumanidade social e sobre as nossas lendas pessoais...a minha? o mar!

domingo, setembro 19, 2004

Desajeitado com o mundo, desumano na humanidade. Despretensiosos são os seus gestos, e delicadas as suas palavras.
Ninguém o vê passar com o seu saco plástico preto às costas, carregando mais do que todos os seus pertences, toda a sua história.
Contudo nem uma alma ousa penetrar por entre o cabelo desgrenhado e arbóreo, denso, seco, e encarar os seus grandes olhos secos estrelados, pedacinhos de céu colados no seu lugar.
Ele não existe, todos o vêem, mas como coisa em que ninguém acredita não existe, ele fica-se naquele espaço em que somos nada e tudo.
Parco, poupa nas palavras, porque o que não existe desloca apenas e somente o ar, como respiração da terra, arfar do mar. Mas guarda bem as suas riquezas, naqueles abismos longe das tormentas da superficie. E onde todos julgam existir monstros e criaturas medonhas, existem cores, mundos, caminhos e desencaminhos e paz.
Os seus pés trazem terra de todos os cantos do mundo agarrada, e os cinco continentes existem por entre os seus dedos.
Não há banco ou caixa forte no mundo capaz de dar guarda às riquezas que possui.
Tem tanto de doce como de amargo, mas o seu sabor é indistinguivel e puro como ar da montanha.
Da electricidade não faz uso, mas a todo o lado em que se encoste, ilumina-o num estilo supernova muito próprio.
Move-se, desloca-se em sussurros e silêncios, ou gemidos, duas faces moeda da dôr e prazer.
Grita também, mas como em tudo o resto, ninguém faz, fez ou fará caso.
Ele tem nome.
- Um nome esquecido, o meu - diz ele.
Não se sabe quem o criou ou o que é que o originou, mas é provavel que até alguns já se tenham cruzado com ele uma vez, muito raramente outras.
Há-de haver ainda quem o venha a conhecer, com sorte.
O seu nome esquecido é A M O R.
Ele vem, veio e virá de todo o lado, para todo lado, e assim continuará... sempre sem ser notado.
É assim, sempre foi e Deus queira que sempre será.
bernardo a.
16.09.04