Blue Living - Be water my friend..

...mais do q pessoal, reflexoes sobre a crescente desumanidade social e sobre as nossas lendas pessoais...a minha? o mar!

sexta-feira, junho 18, 2004

O Vento... do Lat. Ventu s. m., corrente de ar, mais ou menos forte, provocada pela diferença de pressão entre várias camadas ou zonas da atmosfera e que se desloca em certa direcção; simples movimento de ar...
Acordas e reparas que está um lindo dia de sol, um dia delicioso e quente à tua espera...
Sais e aproveitas o mais que podes. Vives intensamente as flores, o azul do céu, o canto dos pássaros... Sentes uma brisa suave que te refresca e que te ajuda a viver ao máximo.
Outro dia que nasce! Vês tudo calmo, as árvores não mexem... tudo permanece igual... apenas mais um dia de Verão em que nem o vento decide aparecer. Sais, e sem dares conta, começa um vento forte que nada fazia prever "Porque não trouxe um agasalho?" - pensas - "Que tonta sou. Porque não me precavi contra este vento?" . Mas quando acordaste tudo estava calmo... nunca poderias prever! E tão inesperado como começou, rapidamente acalmou... A noite passou e ao acordar... tudo de novo calmo... nem uma brisa corria... "Desta vez levo um agasalho para me proteger do vento forte que possa surgir". E sais de casa, pesadíssima, com mais um agasalho... E o dia continua, continua,sem brisa, sem vento, sem tumulto! Mas tu tens o agasalho a pesar-te e a fazer-te penar por pensares que pode surgir, a qualquer momento, da maneira mais inesperada, aquele vento que tanto temes, aquele furacão que pode destruir tudo, que nada deixa de pé. E de tanto temeres esse dia de vento, acabas por perder o dia de sol... o peso do agasalho não te deixa dançar, cantar, pular... Não te deixa contemplar e homenagear a beleza das pequenas coisas que surgem à tua frente. Vives presa a um agasalho que teimas não largar, porque tens medo da confusão que um simples movimento de ar pode trazer...
Larga esse agasalho pesado e triste ao pé do mar para que seja levado para longe de ti... Até o vento mais forte, que destrói e magoa, passa...
Agora é tempo, o teu de reencontrar o lindo dia de sol que sempre viste de manhã, e renascer para a eterna novidade do sentir.

"A tua pele é a pétala suave
Que amacia o meu tacto
Ontem vi-te, atrás do imprevisto,
Quiseste-me falar, doce,
Como eras doce!
Tocaste-me vinda do nada
Encheste-me a vida de tudo
És a brisa que agora me acaricia a cara
Tens um jeito solene, muito cande,
Mas a tristeza sussurra-me ao ouvido
Que te irás, não vás,
Fica, vamos percorrer o horizonte
Cavalgando na bruma do mar
Para além de tudo, para além de todos,
Não te vás...

Anónimo"

Pisando cuidadosamente o caminho do pesar dos anos, saltitando puerilmente por entre as gotas de chuva geladas que irrompem pela face para a calçada molhada, e para os vivos canteiros coloridos, dirijo me a parte incerta a passo regularmente incerto.
Há muito que erijo a minha vida de mãos nuas e vestes simples, habitando em mim, albergando as insistentes tristezas e disfarçando a hábil loucura que me levou à inesquecivel fuga – e inevitalmente ao esquecimento – dos intricados enredos do pequeno mundo social onde habitava; os “bons” velhos tempos.
Invertendo a ordem dos factores, e pondo numeros à frente de amores, é assim que é despida a vida em meu redor, pelas formigas da labuta.
Sou agora um andarilho viajando nas barbas do vento, ouvindo a maresia, sorrindo com as marés criadoras e as luas inspiradoras; um pedinte da tua boa vontade.
São estes mesmos olhos tristes, escorridos a águas ancestrais, que mendigam o teu tempo, imerecedores de pouco mais.
Se estes olhos pudessem ver as cores, dir te iam que o castanho que habita os teus olhos é o mais puro castanho que a natureza criou, e que as estrelas podiam ser tuas irmãs mais novas, pois o maior brilho é sem duvida o teu.
Mas humilde como sou, nem tendo acesso ao dom da palavra, arriscando a desenhar com palavras, os milagres da fascinante criação, que prestigiosa desvirtude sobraria para mim?
Aqueço me nas migalhas do teu abraço, nas noites chuvosas e frias, suplicio para uns, gorda recompensa para pobres almas como a minha, porque para um mendigo, pouco mais é desejado que um coração quente, e o meu, contenta se cada vez mais com menos, frutificação pouco saborosa das incoerências do destino.
O tempo rola impavido, mais rapido que as nuvens tormentosas no céu, desenhando nomes e figuras, numa sensual dança exótica, à medida que os passaros migram com Sol que veste de laranja o céu e as flores adormecem.
Arrefece...os ossos queixam se pesarosos da geada morna que cai à noite, enquanto agarro trémulo substância que sustente o corpo. Preciso que continues, não pares, não pares de distribuir o teu amor, a tua essência, é a vida do meu calor fátuo...fico pelas sobras, na porta dos fundos, expectante por uma migalha maior, uma noite menos fria.
Porque para ti princesa, uma migalha é só uma migalha e para mim uma migalha é a migalha.

Beijos Respeitaveis
....o teu mendigo