Enfiado aqui nesta salinha pequena e iluminada pelo monitor já sem brilho, o calor aperta-me entre as estreitas paredes, e a pele tenta separar se de mim.

As gotas de suor conquistam milimetros de pele, e avançam impiedosas dançando com a gravidade.

E tudo isto é um esforço desnecessário... a inspiração não rompe o escuro, e já ninguém quer saber dos sonhos...nem de amor.

Tanto fervor para quê? O meu amor é igual ao teu, e o nosso é igual ao de todos os outros - está nas revistas, nas novelas, nos jornais - todos amam hoje em dia e ninguem, ninguém quer estar de fora.

O amor não se pede, não se mede e não se repete. Ponto.

Quem hoje em dia sonha, vive num culto de silêncio, ansioso por eternizar no poder das palavras todas as noites e manhãs solitárias. Quem hoje sonha não sabe qual é a cor da estaçao, contudo que esta seja a do amor.

E é assim que passam os dias de verão no mar, embalado pela ondulaçao adormecida, coroada de verde e que desfila junto com o cheiro da neblina que só alguns vem como maresia.

A lua pode não me ligar nenhuma, e o sol andar escondido, mas é no mar que moro e é ele que proporciona aqueles momentos de silêncio...a profundidade do olhar e o ar meigo do sorrir.

A solidão sente se só ao meu lado, porque eu não faço sentido, não existo, não tenho forma.. tudo porque já ninguém sonha. Tu podias mudar isso...