Blue Living - Be water my friend..

...mais do q pessoal, reflexoes sobre a crescente desumanidade social e sobre as nossas lendas pessoais...a minha? o mar!

sábado, fevereiro 06, 2010

Carta a São Valentim

"Caro São Valentim:

Não percebi em altura alguma, porque deriva o teu santo nome de Valente.

Quando eu amo e sinto tudo menos coragem e bravura a ferver no sangue.

Desculpa São Valentim, aliás Valentim, para abreviar - perdoa-me a ousadia - mas porque é que te deixaram a tão pesada tarefa de uma vez por ano, espalhares a magia do romance pelo mundo inteiro, qual Pai Natal de trenó a espalhar presentes, mais ainda quando ninguém já acredita no Pai Natal?

Por isso, Valentim, este ano, passa ao lado da minha triste e solitária morada.Quero manter-me em tremor e agitação ofegante, disfarçada, cada vez que a vejo e lhe sinto o aroma da pele.Deixa-me em segurança, longe o suficiente dos encantos dela para não me sentir tentado a tocar-lhe, e levar uma palmada.

E pensa nisto Valentim, se porventura lhe toco na mão quente, sofrida,marcada mas ainda assim tão apetecivel como este Sol de Inverno, e de uma mão entrelaçada, passamos a duas mãos entrelaçadas por entre um cobertor e luz de velas num sofá?

Pior Valentim, eu que tenho coração fraco, resistiria ao aperto ainda mais apertado dum abraço no escuro?Nem falo daquele olhar incandescente... Como poderia eu viver sem navegar naquele mar?

Entende-me Valentim, e escusa-me da tua responsabilidade de chocolate espanhol.

Aquele olhar constroi pontes para dentro de mim... vejo constelações, Orion, Cassiopeia,Estrela Cruzeiro do Sul, Estrela Polar, Planeta Venús.

Sereia irresistivelmente maravilhosa que me fascina e me puxa para os rochedos.

Sabes, quando me aproximo dela por trás, enquanto ela aquece no fogo quente a sua vida fria,sinto aquele magnetismo inexplicavel, uma vontade de descobrir seu pescoço por entre os seus cabelos, e espetar lhe os meus lábios com a droga deste fascinio, na pele.

Mas não o faço. Não sou bravo. Tenho receio, medos que só o escuro entende.

Valentim, se as suas mãos me puxarem para o abismo sem fundo, que não seja porque me empurraste, mas sim porque Ela me transformou, me entende.

E me espera nada mais nada menos que uma agradavel queda sem fim, embrulhado em seus longos cabelos,coroado com um eterno ósculo.

Perdoa-me Valentim, não tenho bravura nem coragem, mas não preciso de ti para ser feliz...Preciso d´Ela."