Blue Living - Be water my friend..

...mais do q pessoal, reflexoes sobre a crescente desumanidade social e sobre as nossas lendas pessoais...a minha? o mar!

segunda-feira, janeiro 28, 2008

As Pedras do Sonho

Talvez tenha dado de mim, o peso e o lastro para afundar uma ideia, só para a tornar credivel.
Dar-lhe aquele ar confiavel e sustentado que um bondeiro africano tem. Tronco de pau ferro e ramos de jacarandá. Nem tão pouco falo de braços floridos, o porte fala por si.
Quem sabe se não serei um visionário cego, estropiado da guerra, que fala dos grandes tempos vindouros, da mesma forma que um conhecido meu caçador de dragões - história essa que contarei oportunamente.
A ideia tem contornos de sangue, tal é a intimidade com as minhas voltas na cama, no sofá, no lugar desconfortavel do autocarro, qualquer local que me possa permitir desligar e sonhar.
Quem quer dizer o que sente, não o sabe dizer. Se fala parece que mente, se cala parece esquecer. E tem toda a razão o Pessoa e tu também prima.
E a verdade é só essa.
A ideia, incoerente ou não na mão de outrem, tem uma ancora do meu tamanho.
Mas talvez devido ao meu complexo de Peter Pan, assusta-me dirigir movimento ou ar falado na direcção de quem tem uma linha 0800 para o meu interior.
Essa exposição, causa aquilo que poucos conseguem enfrentar sem medo: o meu jogo está na mesa, à vista de todos, e no entanto, mil malabarismos e distracções manipulam o resto da mesa e os mirones, treinadores da vida de bancada, que preferem jogar o jogo do outro. É mais seguro e tem menos riscos. Diversão limpa dizem eles, do género voyeurista do Big Brother.
A diferença é que em mim não votam, não porque seja impopular a minha ideia, mas porque lhes é invisivel excepto à vista de quem eu quero que seja.
Por conseguinte, o medo que tenho é apenas de não conseguir colocar todo um caminho de ilusões e desilusões, medos e coragem focados num olhar, ancorado no fundo da sua alma.
E é ai que reside a esperança de que uma ideia,mais tarde ou mais cedo seja uma verdade, como eu a vejo.
As pedras que peguei na beira mar, são a mão que jogo ao peito quando ele arde, são o cobertor que agarro quando durmo no carro junto à praia, são o calor da fogueira na noite mais fria, são as caricias na nuca quando a solidão ataca, são a imagem palpavel da ideia que gera o sonho.
Há um velho provérbio indiano: Faz o sumo, mas mostra apenas as cascas, tira as carnes, mas mostra apenas os ossos, guarda o ouro mas mostra apenas a mina abandonada. Depois, quando tiveres a mesa posta com o sumo, as carnes ricas e pratos debruados a ouro, faz a festa, convida os amigos. Nunca esqueças, o sonho falado, é o sonho roubado.