Sombras no tempo, Pegadas no rio.
Hoje não tenho fome, sono ou vontade,
Sento-me à mesa com o que são agora restos
E um largo copo de saudade.
Sombras no tempo,
Pegadas no rio.
O tempo já nem me aquece,
O sangue vai parando, dando lugar ao frio.
Dizem talvez por isso: quem ama enlouquece.
Sombras no tempo,
Pegadas no rio.
Peço-me um pouco de coragem, uma pitada de calma,
E vou vivendo,ou melhor sobrevivendo,
Porque é a solidão quem me governa a alma.
Sombras no tempo,
Pegadas no rio.
Como navegante navegador, já vivi muitas tempestades,
E em tantas perdi o rumo entregue à sorte.
Pensei que o teu caminho fosse finalmente o meu norte,
Mas embati nas venenosas rochas, e foi este o meu desastre
Entreguem-me enrolado em linho, ao nosso Mar,
Pois tristemente, é para ele que eu desenho caminho,
Só me sobram de tudo, estas sombras no tempo
E no rio, de pegadas, este trilho.