Blue Living - Be water my friend..

...mais do q pessoal, reflexoes sobre a crescente desumanidade social e sobre as nossas lendas pessoais...a minha? o mar!

segunda-feira, outubro 01, 2012

A Matemática do Amor

Nos dias que correm tenho visto e sentido de tudo.
Na falta de valores e na crise social em que se vive, sofrem mais aqueles que são apegados ao que a troika retira.
Os cafés e refeições em silêncio, nos locais "in", para disfarçar o vazio duma relação há muito inflada pela necessidade de ter alguém. As tardes de Domingo nos shoppings, na voltinha dos tristes. Os Sábados à noite da moda, pois é importante aparecer, manter as comadres informadas de quanto bem vamos passando, vestindo os traços da moda e suportando a inveja dos sapatos de designer que calçam ou pelo braço da companhia que os ampara.
Irónico que uma vida tão bem paga, seja ao mesmo tempo tão vazia.
E perdoem-me meus amigos, mas provas de amor dadas pelo facebook, casarem ou enoivarem, assumirem relações pelo facebook só vem mostrar como estão esquecidas as bases das relações humanas.
Se eu estou errado, então de modo algum quero vir a estar certo.
Sou old school. Dos tempos dos bilhetinhos na soleira da porta ou flores roubadas na calada da noite para oferecer na janela do quarto. Da honra do compromisso. Da verdade do sentir. Se o sentir caminha para Este, não o vou abandonar para seguir para Norte, apenas porque todos os convénios sociais e pressões de pares o fazem.
Faz-me confusão que me digam que sentem segurança em manifestações virtuais, telefónicas ou por outro tipo de intenções que não sejam olho no olho, pele na pele. Sinto-me descontextualizado e desacompanhado.
Talvez seja por me lembrar de uma história que sempre me impressionou. 
Houve um tempo em que os Homens eram grandes, por se superarem e por provarem que essa é a maior dádiva da humanidade: concretizar o Sonho.
O homem comum, sapateiro de profissão, teorizava matemática como Beethoven compunha sinfonias.
Rapidamente postulou conhecimentos matemáticos que o colocaram no patamar de génio e na imortalidade cientifica.
Tão voraz e acelerado era o seu pensamento que deu suporte à teoria de que de Génio e de Louco todos temos um pouco. E nele, o que havia em genialidade, unia-se no extremo com os conflitos de sanidade mental com os demais.
Rápido, perspicaz e sempre na antecipação.
Solitário e olhado como se de uma aberração se tratasse, poucas pessoas conseguiam acompanha-lo e compreende-lo. O seu sentir era desenhado em dimensões surreais e muito além da compreensão dos seus semelhantes.
E ele próprio sabia que o seu dom era também a sua maldição. Nunca conseguiu encontrar um coração que encaixasse no seu. Os seus parâmetros lógicos traziam uma clareza imensa ao modo como amava.
Não é que não soubesse o que sentir, ou que não sentisse de todo. Não, ele sentia, e não perdia tempo. Ia direito ao assunto. Era objectivo e coerente. Geria com toda a sua sabedoria o seu coração.
Homem notavel na sociedade e nascido em pobreza rapidamente alcançou estatuto e nível de vida mais alto. Viajado e convidado nos salões nobres, reuniam-se em torno dele pela diferença de tudo aquilo a que estavam habituados os colunaveis.
Tal era o furor e o burburinho em seu redor que rapidamente foi chamado para a capital, à presença de sua alteza.
Um dia, e já bem depois de tanta proeza, propós-se ele mesmo a escrever a equação matemática do Amor.
Fechou-se em casa. Absteve-se de contactos sociais e afectivos. Deixou-se embrenhar de tal modo na missão que se passaram 2 anos sem ser visto em público.
Foram ao seu socorro. Internaram-no em catatonia, num sanatório, como uma antiga mente pródiga que se apagou como vela ao vento.
Rotularam-no de esquizofrénico após vários episódios de urros e gritos incompreensiveis. Lamentos e acessos de violência noturnos.
Foi considerado louco incuravel e encerrado numa cela de isolamento.
Nunca mais foi aberta a porta de sua cela até ao dia em que morreu.
Nesse dia, depararam-se com um macabro achado: as paredes de sua cela estavam todas escritas em sangue, com teoremas matemáticos, uns riscados, outros sublinhados.
E no pavimento da cela uma unica inscrição: There are no rules in love. Love is the rule.