Duvidas...?

Chamas-me músico, falas-me em harmonia e algoritmos matemáticos. Usas o Mixolidio e adornos que coram os egípcios antigos.
Dizes-me que me adoras.. Pedes-me que te Ame.
Sussurras-me ao ouvido que é em mim que te sentes abrigada.
No entanto, desapareces para o teu mundo, sem deixar morada nem destino de viagem.
Não me incluis nos teus planos.
"Gosto de ti..! Duvidas?"
Falas de lutas e futuros mas agarras um passado que parece um afogado aflito.
Fascinam-te as cores que eu não vejo, de que forma te percepciono.
Sabes de mim os mais dolorosos segredos mas mantens um conveniente véu de silêncio sobre ti.
"Adoro-te...! Duvidas?"
Ofereces-me o infinito e a seguir confrontas o teu mundo, o teu medo, e quando abro o teu presente nem o ar se dignou a ficar lá dentro.
Não queres magoar, não queres lançar o pânico.
A vida é feita de saltos no escuro, de portas que se fecham e janelas que abrem em seguida. A fé é a carruagem em que o Amor viaja, mas não existe nela lugar para mim.
Gostas de parceiros silenciosos, comedidos e convenientes.
Nada de Peter Pan! A Sininho já saiu da Terra do Nunca faz muitos anos e agora veste a tendência da estação e arranja as sobrancelhas.
Observas-me de longe, como peixe dentro de aquário, ainda assim, com ar prazentoso.
"Fascinas-me....! Duvidas?"
Abusa de mim, rapta-me, chegas-me a pedir. Mas fazes-me sentir como se tivesse a atentar contra a vida humana.
Longe de mim ser criminoso, mas nesta guerrilha de emoções, vale tudo até tirar o sono.
Esse sono que foge perante as perguntas... Se gosta, porque não corre atrás? Se calhar porque não gosta... Então porque diz que gosta?
E eu é que sou contraditório?
Venha o sono, que palavras leva-as o vento.
"Gosto tanto de ti! Adoro-te!! ... Duvidas?"
Duvido.