Blue Living - Be water my friend..

...mais do q pessoal, reflexoes sobre a crescente desumanidade social e sobre as nossas lendas pessoais...a minha? o mar!

segunda-feira, junho 14, 2004

Existem recordações mágicas que fintam o tempo, e escorrem que nem lágrimas pela nossa consciência. São épocas douradas que reforçam quem somos, de onde vimos, e no fundo oferecem alguma lógica às "coisas".
Quando o segundo toque soava, e os olhares e semblantes expectantes embatiam na porta da sala oca, vazia, o pensamento acelerava-se mais que o coração e os passos já saltavam largos na ponte da escola.
Rumava-se ao Pau da Bandeira, mesmo sem saber as previsões do swell, e contando apenas com as pistas e ajuda do vento.
Eramos meninos na altura, mas pouco ou nada mudou. A ansiedade do primeiro olhar sobre o mar qual primeiro beijo, espreitando na esguelha entre a capitania e as ultimas casas do bairrismo dos antigos pescadores, essa continua fresca como esta tinta que escrevo.
Há neste momento um vazio em mim, uma falta, uma seca de amor. E não vislumbro terreno fértil para o seu despontar, frágil mas determinado, logo engrossando caudal à medida que cresce.
Mas não quero!Mas não consigo... Tic, Tac, Tic, Tac... é o tempo que passa, e as oportunidades que vão também passando - boa oportunidades - de agarrar essa vida, essa comunhão, de ter pensamentos dividos em dois e esperanças multiplicadas aos pares. Elas passam como sorrisos no passeio, numa rua noturna movimentada, enquanto deslizo dentro do carro ouvindo outra musica, como se nunca tivesse pertencido ali.
A coragem do passo em casa escura, avançam voçês? Não sei...
Sei que vejo nitidamente com um alegria sincera no meu futuro, os pares em meu redor, as suas uniões, os seus votos. Revejo-me nos sagrados desejos de um de voçês meus meninos amigos.
Não me deram planos, experimentei, ou tentei experimentar de tudo. E hoje, seco, gretado e ferido pela erosão do deserto em que esta vida árida pode transformar o amor, tenho apenas uma verdade.
Uma silhueta, quase noturna, cobre o laranja sol posto em requintado azul escuro, timbrado por sets ritmados, pulsando vivos na dança universal que sempre se repete. A perfeição é um privilégio desse vulto solitário escutando os rastos cristalinos espalhados pelo vento terral. Esse é o meu vulto...Já não fujo do passado, abraço-o pois já pereceu, e não temo o futuro, assim repetido.
É apenas uma questão de paixão, e essa é a mesma em todo o lugar do mundo, apenas com caras diferentes.
E deixando a irmã rebelde do amor de lado, eu te digo: o mundo é grande, voltaremos a nos encontrar...pois só tu sabes quem és. Pode ser na luz fusca da praia, no passeio de domingo ou quem sabe, no casamento do meu melhor amigo.

Um grande bem haja a voçês todos e um grande abraço de parabens ao André.