Blue Living - Be water my friend..

...mais do q pessoal, reflexoes sobre a crescente desumanidade social e sobre as nossas lendas pessoais...a minha? o mar!

quinta-feira, maio 13, 2004

Um dia disseram-me que escrevia tal e qual um comboio que partia para parte incerta. Hoje escrevo para
provar a mim mesmo o sabor unico da evolução. O sabor de quem partiu da forma terrestre, prisioneiro
na floresta de concreto e betão frio, combatente das estradas estreitas para tantos egos.
O mar entranha-se como um cheiro que só alguns reconhecem, e pouco a pouco, vai-nos moldando,
ora acariciando, ora castigando...mas sempre como um mestre, um guia.
Neste percurso, conhecemos pessoas especiais, bebemos das suas palavras e atitudes, observamos
procurando exemplos que sirvam de lição à nossa consciência podre, e derretemos os olhos no por do
sol no mar, nas palavras escritas por alguem..lendo e relendo, para nunca esquecer, que algures à deriva
no oceano que é o nosso planeta, existem mais seres como nós.
Ao mar vêem desaguar todo o tipo de coisas, mas a pior de todas elas é a atitude de desrespeito mesquinha
de quem quer ser dono de tudo, sem tao pouco ser dono de si, e essa é a pior poluição que o nosso mar
pode ter.
A vontade de evoluir parte do nosso intimo, e o solo da caminhada é pisado pelos nossos pés, e, olhando
para trás, podemos congratular-nos pelas pegadas na areia que ficam para trás, que agora cumprimos a nossa
missão, e somos unos e maiores que o individual...somos todos pequenos fragmentos de algo maior, e eu
só tenho a agradecer a todos vós que sonho a sonho, vão materializando tudo isso em papel.
Agora que descobrimos todo este tom azul, a responsabilidade é nossa de fazer cumprir o pulsar das marés,
no mar e em terra. Boas ondas e continuem a marcar gerações.

ps - ...e se eu vos dissesse agora que, imaginem só, nem sequer sou surfista?

ps2 - Pedia vos só o ultimo favor, de se possivel,e ainda que não seja publicada a minha carta, a façam chegar à sereia Susana Alves, uma amiga que marcou a minha caminhada, e espero que se lembre tão bem de mim, como eu dela, seis minutos antes da maré encher..porque essa hora será sempre dela.


Um abraço


Carta publicada na revista Surf Portugal de Março de 2004, #134, ano 18