Uma só mão pode fazer a diferença

Recomenda se a acompanhar a leitura deste texto:

You gilded cunt, Cradle of Filth
Cemetary Gates, Pantera
Octavarium Razor's Edge Solo, John Petrucci
Oasis, Arlo West
Liquid Tension Experiment - Kindred Spirits
(Tdo disponivel no you tube)

Ontem passei por uma experiência de carência. Já o dia tinha sido negativamente climático, cinzentão e casmurro. Acho que isso acaba sempre por influenciar as marés do nosso pensar, pelo menos a mim decerto que sim.

Ao mesmo tempo, sinto aquela inquietude, a falta dos cumes oceânicos profundos e escuros, escusos como eu quando me falam de amor.

Não quero saber, sinceramente acho que há coisas que não devem ser faladas, porque perdem o seu brilho, e cor.

Acabei por comer uma caixa inteira de gelado para refrear os impulsos mais ingremes da escada do pensamento.

Tudo me falhou, todos os pequenos planos que tinha feito para aqueles minutos finais do dia correram, ou melhor, não correram de todo.

E tu ai em cima, não me olhes dessa janela como se fosses dono do prédio, da rua e do estacionamento. Não problema nenhum em te mandar para o lugar de onde vieste.

Este ódio aflora me à pele, como rubor erótico, como sangue nas mandibulas de um vampiro.

Tem cuidado comigo, eu sou água, vapor, solidez gélida, gotas, linhas de ataque conquistando terreno à nação inimiga continental. Nem eu sei prever a instabilidade do gotejar.

E até já os peixes tão fartos de me ouvir dar sermões e de me lamuriar, da injustiça de o nosso criador ter deixado a possibilidade de seres tao ignobeis como a raça humana modelar a seu bel prazer sentimentos. O resultado está bem claro e evidente.

Pseudo pensadores, pseudo senhores do mundo, da rua, dos sentimentos dos outros.

Que esplendido sabor este o do poder sobre alguém! Que sabor tão apreciado espezinhar os outros. Que bom sentir que alguem varia o seu dispor só pelos nossos caprichos.

O mundo tá cheio de reis e rainhas, principes e princesas de segundas linhagens, nobrezas de virtudes duvidosas.

E eu, eu tou farto até à ponta dos meus parcos cabelos.

Tou farto de deixar que essa ternura seja entregue em mão descuidadas, e que me acabem partindo o verniz bonitinho que tenho tanto cuidado em manter.

Hoje o dia começou igual e toda a boa gente pode acordar mal disposta e irascivel.

Mas acontece que eu hoje não igual a ontem, e hoje o que me derem em quantidade eu devolvo em qualidade.

Não me testem em pesar, não me ponham à prova. Hoje é o meu dia de andar triste e enfadonho, mal disposto e resmungão.

Ontem o parco carinho que tive, deixava me os pés ao frio a cada vez que me tentava aconchegar com a sua curta extensão, como uma manta para bébés numa cama de adulto.

E nem a porra do gelado me serviu para alguma coisa, apenas para me fazer sentir ainda mais feio, inutil, desprezado e esquecido.

Não se esqueçam: Usem a solidão, mas não deixem a solidão usar-vos.