Há quem se perca no concreto. Eu arrisco -me no incerto abstracto, nas poucas cores visiveis do meu olhar. É o verde, é o azul, é a cor do cortejo primaveril dos pássaros da anunciação.
A serra envolve-me em suas formas amorosas, desfloradas pelo calor da paixão do verão...exibindo o seu luto negro de tristeza, o seu suspiro sussurrante.
Mas o amor vem das entranhas da nossa essência, da voz que não ouvimos, que disfarçamos com roupas de tecidos finos e radiações celulares. E é na pureza infantil, no hesitar sincero das palavras de uma criança que voltamos a encontrar a força do leão, o brotar dos primeiros verdes, as ramagens rebeldes... e tal como o amor, a natureza descobre o seu próprio caminho, a terra mãe reinventa-se e dá-nos de novo o privilégio de amar e ser sensiveis.
Somos flores de jardim, somos águas de riacho, somos a força do mar, somos mundos de sonhar.
Somos...somente somos.