Blue Living - Be water my friend..

...mais do q pessoal, reflexoes sobre a crescente desumanidade social e sobre as nossas lendas pessoais...a minha? o mar!

sábado, março 31, 2007

.. Ritual, Iceberg e outras tantas garrafas vazias

Abeira-se o final da semana, o sexto ocaso.
As pessoas abespinham-se, deixando a compostura e a pose para quando se apresentam defronte do guardião da porta mágica. Complicado ter o poder de selecionar pessoas apenas e só por aquilo que aparentam. Talvez seja por isso que os artistas a sério, sofredores incluidos, escolhem sempre os abrigos mais refundidos, sem neons vermelhos ou glamours sorridentes.
De qualquer forma, movimentei-me como se fosse eu na minha forma éterea e fantasmagórica e passei pelo meio de todas as modas e futilidades humanizadas.
"Tens que tirar o chapéu lá dentro."
"Tudo bem, só vou ficar um pouco tempo, já assumi a minha calvice em relação as vossas normas", pensei eu para os meus pés.
Detesto aventuras que determinam ofensas aos ouvidos, copos pousados em cima de manequins ou prateleiras de lojas com curvas e maquilhagem.
Sufoca-me este calor, tantos apertos e falsos sorrisos.
Conversas simuladas e insinuações dissimuladas. Só não vê esse jogo quem é cego das ideias, digo eu.
As pingas de suor já me correm pela testa.
Cumprimento o meu amigo. Só mesmo a amizade ou alguma causa maior me fariam sair do meu mar aberto e visitar este aquário de águas pantanosas.
Desespero, sem ninguem reparar, na minha ansiedade em partir.
E é então que te vejo. Revejo. E em menos que uma fracção de tempo, te contorno toda com o olhar.
Aproximo-me de olhos semicerrados, ao mesmo tempo que vou contando até dez, truque que uso desde pequeno para enfrentar o escuro no vão de uma porta aberta e desconhecida.
Tarde demais. Já me viste.
Falo-te.
Mostras-te tão interessada como se eu te tivesse a convidar para uma reunião da herbalife, reino das testemunhas de jeová,politica ou vender cautelas.
Sinto o teu frio. A tua presença gélida.
Afasto-me. Sinto-me tão frio. Arrefecido e esquecido.
Coloco o meu chapéu ainda lá dentro, e nado para a porta.
Agradeço-te. Hoje a tua beleza boreal salvou-me a vida.