Blue Living - Be water my friend..

...mais do q pessoal, reflexoes sobre a crescente desumanidade social e sobre as nossas lendas pessoais...a minha? o mar!

sexta-feira, junho 18, 2004

"A tua pele é a pétala suave
Que amacia o meu tacto
Ontem vi-te, atrás do imprevisto,
Quiseste-me falar, doce,
Como eras doce!
Tocaste-me vinda do nada
Encheste-me a vida de tudo
És a brisa que agora me acaricia a cara
Tens um jeito solene, muito cande,
Mas a tristeza sussurra-me ao ouvido
Que te irás, não vás,
Fica, vamos percorrer o horizonte
Cavalgando na bruma do mar
Para além de tudo, para além de todos,
Não te vás...

Anónimo"

Pisando cuidadosamente o caminho do pesar dos anos, saltitando puerilmente por entre as gotas de chuva geladas que irrompem pela face para a calçada molhada, e para os vivos canteiros coloridos, dirijo me a parte incerta a passo regularmente incerto.
Há muito que erijo a minha vida de mãos nuas e vestes simples, habitando em mim, albergando as insistentes tristezas e disfarçando a hábil loucura que me levou à inesquecivel fuga – e inevitalmente ao esquecimento – dos intricados enredos do pequeno mundo social onde habitava; os “bons” velhos tempos.
Invertendo a ordem dos factores, e pondo numeros à frente de amores, é assim que é despida a vida em meu redor, pelas formigas da labuta.
Sou agora um andarilho viajando nas barbas do vento, ouvindo a maresia, sorrindo com as marés criadoras e as luas inspiradoras; um pedinte da tua boa vontade.
São estes mesmos olhos tristes, escorridos a águas ancestrais, que mendigam o teu tempo, imerecedores de pouco mais.
Se estes olhos pudessem ver as cores, dir te iam que o castanho que habita os teus olhos é o mais puro castanho que a natureza criou, e que as estrelas podiam ser tuas irmãs mais novas, pois o maior brilho é sem duvida o teu.
Mas humilde como sou, nem tendo acesso ao dom da palavra, arriscando a desenhar com palavras, os milagres da fascinante criação, que prestigiosa desvirtude sobraria para mim?
Aqueço me nas migalhas do teu abraço, nas noites chuvosas e frias, suplicio para uns, gorda recompensa para pobres almas como a minha, porque para um mendigo, pouco mais é desejado que um coração quente, e o meu, contenta se cada vez mais com menos, frutificação pouco saborosa das incoerências do destino.
O tempo rola impavido, mais rapido que as nuvens tormentosas no céu, desenhando nomes e figuras, numa sensual dança exótica, à medida que os passaros migram com Sol que veste de laranja o céu e as flores adormecem.
Arrefece...os ossos queixam se pesarosos da geada morna que cai à noite, enquanto agarro trémulo substância que sustente o corpo. Preciso que continues, não pares, não pares de distribuir o teu amor, a tua essência, é a vida do meu calor fátuo...fico pelas sobras, na porta dos fundos, expectante por uma migalha maior, uma noite menos fria.
Porque para ti princesa, uma migalha é só uma migalha e para mim uma migalha é a migalha.

Beijos Respeitaveis
....o teu mendigo




1 Comments:

  • At 12:46 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    adormeço na doçura das tuas palavras e sonho com as promessas de outrora, imaginando se serão eternas... tu és!

     

Enviar um comentário

<< Home