"A comunidade do engenho novo"*
Era uma vez uma grande cidade, quase até uma bébé metrópole se a quisermos elogiar. Construida por mãos de muitas cores e sem uma lingua nativa, a diversidade e a multiculturalidade eram os seus apelidos.
De relação privilegiada com o oceano, deitava-se sobre sete colinas, e assistia placidamente ao passar dos tempos.
Nas suas veias circulavam cocaína,heroína,dinheiro,pobreza,prostituição,peculato,indiferença e hipocrisia.
A revolução instalou-se e renegou a evolução. Uma doença que se espalhou pelos quatro cantos da mãe pátria e calou as vozes exigentes do povo de mãos calejadas. Os protestos deram lugar a gracejos, e as vozes inconformadas discutem ao telemóvel o ultímo grito da estação.
Brandos e suaves, mudos e cegos, fantoches do sistema que os manipula.
Era uma vez uma cidade que ainda existe, e mesmo hoje, as nuvens não ousam passar para sul, por cima do rio que a separa de outros costumes... Por ali pairam, sem vida, sem rumo, sem desejo de alguma coisa.
Estes olhares vidrados de montras e programas de outras realidades que não as deles, marcham como réplicas automatizadas umas atrás das outras.
Esta cidade não tem côr e foi amaldiçoada com o vento gélido do norte. As suas luzes apontam para os próprios pés, desenham fortunas de imitação e respirações de quem quer ser mais, sem o tão pouco ser por dentro.
Esta cidade não tem heróis, não tem futuro..só um eterno presente.
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