Blue Living - Be water my friend..

...mais do q pessoal, reflexoes sobre a crescente desumanidade social e sobre as nossas lendas pessoais...a minha? o mar!

quarta-feira, abril 21, 2004

“O que faz andar a estrada? É o sonho. Enquanto a gente
sonhar a estrada permanecerá viva. É para isso que
servem os caminhos, para nos fazerem parentes do futuro”
(fala de Tuahir)

Já é tarde e a Lua subtil, vai-se exibindo como uma medalha no decote ousado da noite. Derivo sozinho por entre mares de palavras, lágrimas e sentimentos, órfão como uma onda, irmão das coisas sem nome.
Agarro com força o desprezo de tão sublime donzela, encarnando a versão terrena e palpável do amor com a força de Balzac, a pureza de Camilo e a tragédia de Shakespeare, espelhados no seu olhar.
Brado aos céus, perguntando em gritos surdos; cólera dolorosa esta que carrego no meu peito, que me mata aos poucos, e consome em fogo fátuo; porque são as minhas palavras desprovidas de forma e sentido, quando confrontadas com o seu o mundo, o mundo dela? Morro!! Morro todos os dias, por saber que a sua existência me resume ao nada, ao absoluto vazio...Nada, nem o vento me sopra como resposta, como outrora o fazia. Agora carrego dores, dores de mil mortes e caminho na areia do deserto árido e sem vida, noutros tempos floresta viçosa e verdejante, orgulho do nosso Criador, para definhar e morrer na sua sombra, na encosta mais escura do amor, aquela onde os desgraçados definham e morrem, para serem esquecidos...Terra de bravos, cemitério de indiferença.
Em sonhos por vezes, vejo seu rosto, e persigo seu vulto... sussurro sem forças o seu nome, mas a noite desvanece a sua imagem.
Acompanha-me solidão até à minha ultima morada, pois no sossego sou cego, e na confusão não vejo, além de seu olhar frio e distante, tão torturante quanto doce.
Queria ser, queria saber, mas desde a minha primeira palavra fui por ela condenado ao exílio...Falo outras línguas bem sei, palavras antigas e rebuscadas, que no entanto são como uma estrela ao pé de mil universos antigos, mas puras, sentidas e verdadeiras.
Falta-me coragem de encurtar a distancia, e procuro incessantemente um farol que me guie na sua direcção, um sinal de Deus, uma resposta... são preces sem retorno, desejos perdidos.
Desventura esta, que nem sua atenção consigo prender, o sufoco de querer e nem sequer existir para ser ouvido...mas eu existo, o meu olhar triste, existe, concerteza que ela já o tem visto, mas nunca aprofundado e conhecido.
Desconfio que sua alteza tenha esquecido que o sonho é o olho da vida, e talvez seja por isso que tem andado cega...
Princesa de infinitas dores, sufocos e tamanhos amores, faço-te corte de corpo e alma, enriqueço-te os dias com a luz distante do meu amor solarengo, esqueço-me de existir, perdi o meu precioso rir, o meu brilho de alma.
Espero à noventa e nove de cem dias debaixo da sua janela, graças a ela sou rei da miséria, velho, cansado e sujo. Jogado na lama, dormido à chuva...e ela nunca se dignou a sorrir sequer.
Devolve me o amor que te dediquei, desce da altura que te fiz subir, enfrenta-me, ou serei eu obrigado a fazê-lo? Ah!! A loucura possui-me mais um pouco a cada dia que te tornas mais humana Princesa. Como dois amor maldito...
Salva-me, liberta-me desta prisão, purifica-me nem que seja na morte, recebe-me em teu castelo ... ouve o que eu posso ter para contar Princesa, ouve as palavras a saírem de meus lábios fragilizados pela tristeza., vê como são reais, puros e crentes...
Afinal que terás tu a temer de um salpico de mar?