A Serpente e a montanha.
Há muito tempo atrás, uma serpente que era adorada por uma pequena aldeia num vale perdido numa remota montanha como se fosse uma Deusa.
As oferendas eram diárias e a serpente pouco ou nada precisava de se esforçar para se manter abastecida e saúdavel.
Em troca a serpente não dava nada, apenas se coibia de pilhar a aldeia e de se queixar procurando alimento.
O ancião da aldeia, para garantir a paz resolveu garantir a alimentação da enorme serpente.
Contudo, após um rigoroso inverno, as colheitas foram fracas e o alimento tornou-se escasso. A serpente já não era
abastecida tão frequentemente como na época anterior, mas ainda assim, estava saciada.
Mas as estações não perdoam e uma epidemia veio afectar a pequena aldeia, reduzindo para um terço a população
trabalhadora.
O produto da colheita, diminuiu drásticamente e a fome assolou a povoação.
Ainda assim e apesar das tremendas dificuldades, nada faltou à serpente.
Os mais idosos pereceram, crianças definhavam enquanto a enorme serpente se mantinha alimentada.
Em desespero, e já não conseguindo mais manter a saúde da população, o ancião pediu à serpente, com toda a
reverência, se ela poderia caçar uns coelhos, ou outro pequenos animais que servissem de refeição às esfaimadas
familias.
A serpente, carente de nutrientes, indignou-se com tal pedido e respondeu que aquele não era problema dela.
Mais, com a ira e a cegueira da fome, sem remorsos matou e comeu o ancião e um a um, os habitantes da aldeia que ainda
nao tinham perecido à endémica doença.
No dia em que a última carcaça foi devorada, a serpente percebeu que nada mais havia ali, virou as costas e simplesmente
partiu.
Moral da história: "Ajuda os outros com as suas cargas, mas não as carregues por eles".
7 Comments:
At 12:37 da tarde, Ella said…
"Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca."
Clarice Lispector
At 5:13 da tarde, XXX said…
Bem visto, mas infelizmente mtos ainda ñ se aperceberam da imensidão de ingratidade entre outros mais...Contudo existe smp a fé e a esperança.M as mesmo assim...
At 8:49 da tarde, Anónimo said…
As cargas dos outros são peças valiosas... para eles, para ti!
São fragmentos de vida, pensamentos aflitivos ou não... são conjuntos de uma personalidade!
Tem um valor moral que só quem o recebe o poderá avaliar!
Conseguirás tu imparcialidade suficiente para lhes negar uma partilha ou ajuda?!
Espero que não... estarias a deixar escapar-te por entre os dedos uma grande preciosidade da vida!
Carrega as hoje, se a orientação dos que te apelam se tiver dissipado por entre o idiotismo da sociedade...
Amanha, será um novo dia, onde as hipoteses de evolução te iluminarão novos caminhos e no qual poderás elegantemente aprender a esquivar-te de tais cargas, sem nunca lhes retirar o devido valor!
At 3:53 da tarde, Anónimo said…
Este texto lembrou-me as historias que encontramos no seio da cultura asiatica, nomeadamente budista.
Sendo uma autentica fan...obviamente adorei o teu conto!!uma forma indirecta de nos apercebermos duma determinada realidade errada para nos corrigirmos....Resumindo: lição de vida!
Entristece-me o desinteresse da maioria da população...desinteresse verificado tambem relativamente aos "anciões"... se fosse como antigamente, ou se a nossa sociedade fosse parecida com a asiatica...tenho a certeza que viveríamos num mundo mais feliz com mais respeito, tolerância, verdade, lealdade e, claro menos egoismo e individualismo!
Bem mas confesso que estou ressabiada...visto que por várias vezes - só este ano!! - "fui comida por uma serpente"...
Razão pela qual um certo lema se tornou uma profunda realidade para mim: "Mais conheço a raça humana, mais me desiludo e mais gosto de animais".
Nao deixa de escrever estes textos refrescantes e que expressem os meus pensamentos e de certeza de muitos outros!!
"a apaixonada por laranjas" ;-)
At 7:16 da tarde, Reeho said…
Tinha de comentar, mas não ao teu texto, Bernardo. Comento ao que escreves, "apaixonada por laranjas": que tem de bom uma sociedade em que cada um trata de si e não ajuda quem esteja a morrer, porque são tantos? Aliás, que tem essa sociedade, neste aspecto, de diferente ou melhor da nossa?
Um beijinho
At 7:42 da tarde, Anónimo said…
E p qd um novo tema, poema?!
nao acredito q n tenhas nd p contar...Desculpa o anonimato, mas por vezes faz-nos bem!
At 4:58 da tarde, Anónimo said…
Resposta "RIO":
o teu comentario nao faz qualquer sentido para mim...pela simples razao que estava a me referir ao respeito pelos mais velhos que existe no seio da cultura budista...e nao em realidade politica!!!!!!!!!
Mais, referi as lições de vida mediante historias que encontras no seio da comunidade asiatica.... Acho que levaste o meu comentario para o campo errado....
Como deves saber perfeitamente, este planeta está cheio de incongruencias entre "o que se diz e defende, o que se faz".
De qualquer forma,conheces alguma sociedade/comunidade perfeita?sem vicissitudes?eu nao! se começarmos a apontar os defeitos de cada cultura...estamos tramados!nenhuma presta!queres clamar o quê? o anarquismo?
Enfim, relativamente a tua questao e por experiencia propria, nao existe cultura, politica que nao tenha os seus defeitos, os seus comportamentos danosos... e quem sou eu para julgar?so me interesso em conhecer culturas para aproveitar o melhor que elas têm e enriquecer me...
Resumindo: sou defensora do yin and yang.
Enfim, peço desculpa se te ofendi...embora nao percebi o como!
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