My Personal Vietnam..
Falta sempre meia hora para mais alguma coisa.
São sempre precisos dois para dançar o tango.
Não consigo estender mais longe os meus braços atrofiados e mutilados da guerra.
Desejava concretizar o que sonho, e deixar tatuado na terra a fogo aquilo que pretendo, para que tu leias e entendas que não sou só eu, mas o universo que conspira a seu tempo e ritmo.
Cospes como os governantes em cima da minha canção de liberdade, jocando do meu jeito campestre de falar do Sol, da Lua, da Terra e do Mar.
Ando coxeando desde que me rebentaste a perna e a mão direita com a tua mina anti pessoal de estilhaços de saliva. Já não via direito, agora nem caminho e muito menos escrevo.
E pedem-me para sorrir? Para ter amor à vida?
Só sei falar de amor de uma maneira, e essa pode ser traduzida em mil gestos diferentes. Mas pior que os teus estilhaços de saliva, é saber que nem uma chega para te ajudar a ler o fogo da terra.
E os meus fantasmas crescem noite após noite comigo, em sonhos, em insónias e ilusões.
O suor escorre me em bica e engasgo me com tudo aquilo que eu queria poder ser e dizer, mas não passam de imagens de guerra. De uma guerra sem sentido, sem razão.
Aquele inverno podia ser o outro lado do inferno.
Tu foste o meu Vietnam, tu és o meu Vietnam.
E por isso vou fechar me na cabana de bambu, despido, com nada senão água e uma manta, não para me aquecer, mas para me limpar o pranto e a saliva farta.
E vou dançar o tango, com o meu "personal vietnam", e por isso te vou enfrentar, apenas com o medo de não ter tentado, porque da morte, da morte? Morto já eu tou.
Bring me out from the dead.
4 Comments:
At 12:38 da tarde, Anónimo said…
Já sabes que fugir não resolve. Deixar passar tempo de propósito, só para não encarar mais cedo, ou para esperar por algo que não vem, também não ajuda. Porque há sempre um fim. E porque se chega sempre lá, quer se queira, quer não.
Acorda, não estás morto.
At 2:17 da manhã, Anónimo said…
Não chames ou esperes por alguém que te traga da "morte" e te devolva à "vida" porque não haverá princesa mais doce que te acorde, nenhuma fada traz esses poderes na sua varinha de condão, nem mesmo a sereia mais feiticeira poderá resgatar-te das profundezas das águas. A magia só se dará quando TU te permitires, quando te libertares dessa "morte" que já te é confortável, por ser a que conheces... não te resignes por ser mais facil, ainda que a doer muito...Se omejas ser um guerreiro, sente-te como tal, comporta-te como um...nao te acobardes, nao deixes que o medo te paralise, faz por concretizares o que sonhas, passa da ilusão à acção...se não correr bem, terás outras oportunidades, sairás mais forte e sábio.Não te distraias com as conspirações do tempo, só querendo te deixas enganar...ouve os que te dizem para sorrires e teres amor à vida,se o dizem, é porque também o sabem e falam-te com a linguagem mais certa, a do coração!Sofrer é poético mas mais difícil é viver...para mudar,nao custa tentar...
At 7:53 da tarde, Anónimo said…
" Eu sou eu.
Tu és tu.
Eu não estou neste mundo para preencher todas as tuas expectativas
e sei
que tu não estás neste mundo
para preencher todas as minhas.
Porque eu sou eu
e tu és tu.
E, quando tu e eu nos encontramos,
é maravilhoso.
E quando, encontrando-nos, não nos encontramos
não há nada a fazer."
Fritz
Se eu n m puder separar daquilo que hoje não está presente, não poderei ficar livre para me ligar áquilo que neste momento, sim, está comigo.
At 11:17 da manhã, Anónimo said…
Todos nós temos a simbologia duma demanda, sabemos de cor todas as regras, mas, infelizmente, quebramo-las todas no momento em que somos confrontados com a nossa natureza de sentir...um "bicho" complicado esse o de sentir, que nem sempre se complementa ou surge no tempo "certo", mas k nos move ao ponto de fazermos dele a nossa "guerra", sabendo de antemão que dali podem advir feridas, porque o que importa inconscientemente é tentar sempre a vitória duma guerra que pode ser tantas coisas na nossa vida...para ti, neste momento em que te entregaste as palavras é senão a busca da cumplicidade noutro reflexo de vida que não aquele que existe em ti mesmo, mas espelhado em alguém que te move...e será que a luta compensa?Pelo menos pela aprendizagem...
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