"Apesar de ser Março e a Primavera anunciasse a sua chegada com pequenos raios de preguiçoso Sol, a data incomodava-me desde há já muitos anos.
Dizem que devemos ter cuidado com o que desejamos, mas eu nunca desejei isto.
Sempre me incitaram a morder as velas, este ano já 28, e eu sempre as mordi.
Este ano vou pedir algo simples. Nada de coisas complicadas, como ser feliz ou achar o verdadeiro amor... Talvez simplificando as minhas aspirações, o mundo se abrisse como uma concha na palma da minha mão.
E foi assim que este ano decidi pedir à constelação de peixes, que me deixasse entrar dentro de mim, com papel e caneta fina e desenhar aquilo que não se vê dai de fora.
Mas não se sucedeu, e os dias ainda parecem mais vazios e as cores que nem distingo, ainda menos do que as que costumo ver.
E os espelhos reflectem com a mesma força a aberração de tristeza e vastidão árida que me consome dia após dia, hora atrás de hora, minuto após minuto.
Este não é de modo algum um texto para criar pena e misericórdia em quem me lê. E decerto tão menos literário como os que algumas outras dores resultaram.
Mas a verdade é esta, só escrevo bem as dores que marcam, só me ocorrem ideias de finais tristes e vidas miseravéis e conformadas. Só me assola a imaginação a pequenez humana.
E talvez seja isto que me falta descobrir. Que no fundo há tanto para saber dentro de mim como uma folha em branco de papel mastigado pelo tempo.
E porquê? E o porquê?
Porque é esse o fardo que carrego cá dentro. Porque é essa a minha origem, é foi pequeno que nasci, por obra e vontade de Deus, é assim que hei-de morrer.
Amarrado e fechado entre algumas linhas, num envelope lacrado a lágrimas."
O meu Grande Obrigado a quem tão gentilmente perde tempo a comentar e a visitar o que escrevo.
ps: por favor, tenham a amabilidade de se identificarem
5 Comments:
At 2:40 da tarde, Anónimo said…
Parabens atrasados... falas em folha vazia, eu tenho um livro. Parece k cada ano k passa ainda fica mais "oco"... 1 conselho, não penses no amanhã nem no ontem, o presente é k conta. kiss
At 2:44 da tarde, Anónimo said…
Parabens!!!
Falas em folhas vazias? eu tenho um livro, mais propriamente uma sebenta. Cada ano que passe fica mais branca e oca.
1 conselho eaqueçe o ontem e não te preocupes com o amanhã.
Beijos
At 4:17 da tarde, Anónimo said…
Já muitas vezes me tinha ocorrido que a obra nasce da ferida! É nos dias de tempestade que a minha caneta se encosta ao papel e ganha vida...é uma pena não ter inspiração em dias de sol!!
At 5:49 da tarde, bernardo avatar said…
Será mesmo uma condição a do poeta sofredor, da pena sangrante, do papel rasgado da pele?
Gostava que assim não fosse, mas talvez mude, quando o sol se assumar na vida de cada um de nós, para dias mais felizes, porque segundo sei, a necessidade de escrever, não desaparece,mas a temática muda.
At 10:27 da manhã, Anónimo said…
Parabéns, peixinho.
Para o ano que vem, foge.
Decide no último momento que queres usar os 50 contos que tens guardados e vai-te celebrar. Tens tristeza dentro de ti. Sente-a. Tens ambição. Sente-a. Sente a tua existência.
Precisas de dar outro valor ao teu aniversário.
Sugiro até que fujas para um lugar onde tudo seja contrário ao teu entendimento. Para quê? Logo perceberás.
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