As minhas mãos desentrelaçaram-se das tuas, trémulas e pálidas.
Sem sentido, sem nexo, sem fé nessa tua crença descontrolada que erguer barreiras é uma defesa.
Dizem por ai que tenho tantas cores como o perfil do diabo, sussurra-se aos teus ouvidos enquanto te tapam os olhos com uma outra mão, em concha, vestindo afabilidade.
Mas tu sabes, eu sou daltónico. Eu não vejo as cores... Eu sinto-as. E do mesmo modo, eu não vejo as pessoas, eu pressinto-as.
Nunca te disse, mas eu pressinto-te a chegar.
A minha pele eriça-se e a nuca crispa-se em antecipação. O pulso carrega fundo em passo acelerado forçando a respiração intermitente e pouco profunda. Não há oxigénio que me valha.
É dificil manter acesa uma vela, a fé, no meio de uma tempestade de areia. Mesmo pedindo que pares quieta, rodopias, ouves o vento e as vozes que te querem roubar para longe.
Se eu tivesse magia isso não acontecia. Se eu fosse senhor das artes, isso não me afligia.
Mas embora não vejas, ainda há recantos que não te são permitido aceder... e quem disse que precisas de ver uma vela queimar, para continuar a acreditar?
E eu preciso de acreditar...
6 Comments:
At 9:58 da tarde, Anónimo said…
Nem tudo o que brilha é ouro... Nunca feches os olhos... o sol não fere...so nos torna mais fortes.
Á coisas que o destino não nos dá porque não têm que ser nossas...
At 11:10 da tarde, Anónimo said…
o ser humano, sendo o mais criativo de todos, por veszes expressa os seus sentimentos nas mais variadas formas. podendo ser o simples rodipio uma forma de afastar uma tristeza e a barreira uma porta escondida.....
At 11:23 da manhã, Anónimo said…
18 de Fevereiro, dia em que os sonhos se cruzam com os desejos, também lá estão as inseguranças, essas falsas amigas que me acompanham…o universo conspirou para que estivéssemos aqui, no lugar onde os desejos se cumprem, são ordens e as portas dos sonhos se abrem. Nem todos os dias se tem aquela certeza absoluta, incondicional de que as coisas vão acontecer. Quando acordei ontem já eu sabia que ias estar aqui, dentro de mim. Tinha uma certeza estranha, daquelas vindas não sei de onde, de que este desejo se cumpriria. Estava escrito, foi como tinha que ser, quando tinha que ser e onde. Dois anos deste frio na barriga, deste coração apertado e palpitante quando chegavas mais perto…Eu sabia, no mais profundo de mim, embora a minha intuição adormecesse às vezes, que irias estar ali comigo um dia. Agora entendo que não me tiraste nada, deste-me…a vida!
Mesmo que para ti tenha sido mais uma vez, para mim isso deixou de importar. Eras a única pessoa no mundo com quem eu poderia viver isto, a única a quem eu me entregaria de braços abertos, sem reservas, incondicionalmente…Não me arrependo de nada, foi de corpo e alma, espírito e mente, e lembro-me de pensar quando dizias que já estavas dentro de mim “finalmente somos um só”!
Não, não foi como eu imaginei, mas como tu mesmo o disseste nunca nada é como imaginamos. Quando me perguntaste o que é que tinha imaginado e eu respondi que já não sabia, foi como flutuar entre 2 planos, o da imaginação e o da realização. Esqueci tudo o que imaginei a partir do momento em que a tua língua roçou na minha. A partir desse momento deixou de ter importância o que tinha imaginado tempos atrás. Mas imaginei, ou li nos teus olhos que estas minhas palavras não te foram confortáveis. Mas não te preocupes, porque recordarei estes segundos de vida. Guardá-los-ei na caixinha dos “bons momentos”, no sector que diz “realizações”.
Quando disseste “estás cheia de medo, descontrai” eu confiei, entreguei, libertei, realizei! Sei que também não sou o que imaginaste, se imaginaste, e que no turbilhão de emoções que me invadiu não disse o que ansiava dizer e fui fria. Mas não essas partes que têm de ficar. O que fica é o que foi bom. Independentemente do futuro, hoje sou mais feliz e devo-o a ti.
Eu sabia que ias ter um papel importante na minha vida. Antes de te conhecer, já o sabia. Quando ouvi o teu nome pela primeira vez, por uma amiga comum, tive uma certeza esquisita, que na altura não consegui perceber. Agora tudo faz mais sentido, isto foi o que me vieste ensinar, a deixar que a vida corra, a não ter medo. O tempo soube responder às minhas perguntas. Não entendia qual era o teu papel na minha vida, para além do meu sofrimento. Abrir horizontes, alargar a consciência foi o que me presenteaste, não hoje, desde sempre. Ao inicio fiquei confusa, senti-me até envergonhada, mal comigo própria, mas todas essas angústias e incompreensões rapidamente se dissiparam, para bem longe. Tu eras a peça que não encaixava no meu puzzle da vida, agora as coisas voltaram a ter sentido.
Sei que a minha intuição me acompanhou desde sempre, ela estava ali, à espera de ser ouvida. Por vezes abafo-a com os meus medos racionais e irracionais, não a deixo existir. E tudo o que ela me diz está sempre certo. É curioso como as pessoas sabem o que têm de saber na altura certa. É importante relativizar, deixar o tempo responder por si. Deixar a vida fluir e trazer com ela as suas respostas. E pensar que meia hora antes de estar contigo eu blasfemava contra o universo e perguntava porque é que não posso ser feliz, enquanto as lágrimas me inundavam o rosto. O universo respondeu-me, e levou só meia hora.
Agora sei que tudo o que eu reprimia se libertou e flutuou por entre a brisa da manhã, com os primeiros raios de sol, e dissolveu-se no ar.
Não, não sei o que vai acontecer amanhã, mas hoje tenho mais certezas que nunca. Sinto-me mais segura para enfrentar o mundo lá fora, também me sinto mais “eu”. Sinto que posso dar o melhor que há em mim, infinitamente. Então sei o quão é importante deixar a vida ser o que ela quiser, com confiança, sem entraves, sem dar forças as negativismo, e a tudo o que há de mais negro em nós.
É me um bocado indiferente o que foi para ti, porque este é o MEU dia. Mas também desejo que os teus caminhos se iluminem, que os dias te tragam toda a alegria possível. Oh, como é vital a alegria nas nossas vidas. Desejo do mais profundo de mim que deixes de andar perdido, que encontres a tua “estrada”, esteja ela onde estiver. Porque todas as pessoas são insubstituíveis, e os momentos irrepetíveis, e tu tens que acreditar sempre que és único!
At 11:29 da manhã, Anónimo said…
Tu escreves com a alma! É fantástico, parabéns!!Já publicaste alguma coisa??É quase pecado não partilhares estes textos com o mundo..
At 11:42 da tarde, Unknown said…
JOana... pelo q vejo, escreves c a tinta q te corre nas veias e te bate no peito. Agradeço o elogio, mas tudo o q perguntas pode ser perguntado a ti, c a diferença q n sei se saberei que sejas.. ou talvez nem tu saibas.
At 10:29 da manhã, Anónimo said…
De todas as tuas expressões literárias, sentimentais, poéticas... para mim esta.. tem um sentido que me afecta, talvez por em tempos achar que criar barreiras em mim era uma forma de me proteger, sem nunca ter reparado nas coisas e nas pessoas que estava a perder (ou perdi)... Criei barreiras com amigos, com amores com tudo e mais alguma coisa, e de que me serviu... de nada!!! hoje sim, sinto-me leve e solta, ainda me faltam largar algumas amarras que tenho dentro de mim, mas aos poucos vou conseguir... olho para a vida com outros olhos e ela sorri para mim... Beijocas grandes ... e continua a escrever lindas palavras ...os olhos das nossas almas alimenta-se com as tuas palavras... Ana S
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