Por quem dobram os sinos do pontão?
O vento soprava forte de terra, como quem diz de norte, frio, alisando as vagas à sua passagem.
Contrapesava a presença forte do Sol de Março que perdedo a timidez, assaltou a praia definitivamente. Afinal de contas a Primavera é uma estação de conquistas.
Os sinos do pontão dobravam em torno dos ciclos oceãnicos anunciando o manto cinzento da tempestade, e das linhas nascidas nas origens dos mares de fora. E aquela figura vestindo negro estampado, cortava de popa náutica o hipnotismo daquele momento solene, de admiração, côrte e respeito.
Épocas houve em que o medo era mais que a vontade, hoje são peças do mesmo puzzle, cores do mesmo quadro pintado, e o abraço surge da terra castigada pelo sal. Não haja dúvidas: Existem 3 tipos de Homem, os vivos, os mortos e os Homens do mar. Não há lugar para poetas.
E por isso digo que não sou escritor, nem poeta, porque caso fosse, conseguiria decompor em palavras as horas que passo em frente às vagas, ouvindo, escutando e aprendendo. E conseguiria melhor ainda desenhar o sorriso que surge quando o vento muda e encara as ondas de frente enquanto as nuvens e as horas vão passando na cupula celeste.
Não sei falar do frio que percorre as temporas quando enterro a cabeça por baixo de água, escapando à rebentação desafiadora de uma surfada matinal.
E muito menos do calor que persiste nas mãos e cara até muito depois de sairmos do oceano.
E assim assumo sem distinção, não sou poeta, sou do mar.
E talvez um dia o meu escrever seja igual ao meu respirar perto do mar, o meu mar, o nosso mar. Mas até lá, sou apenas do mar.
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