B.L.C. , 17 anos, Peixes de signo. Aluno notável e presença subtil.
Sussurando era como falava, não fosse assustar alguém. Tudo o que falava parecia que era em segredo, o que quando interrompia aula com uma das suas ideias luminosas, causava aquele silêncio especado de olhar fixo em nós por toda a turma. Intimidativo pensava ele.
S.S. tinha 17 belos anos, Carneiro de signo. Sorridente, reservada. Há quem diga que foi a miuda mais linda que ja passou por aquela secundária. Senão veja-se, cabelos lisos compridos, com rios de cobre sol em toda a extensão, silhueta profunda e marcada de mulher e um jeito delicado de andar, que parecia que caminhava de mãos dadas com o vento.
B. era apaixonado por S. havia já 2 anos. Conheceu-a no 1º dia do nono ano, quando se estreou na escola publica. Sentou-se na aula de matemática lá bem ao fundo com o seu colega de carteira P.A. e viu-a entrar, como se fosse o filme de uma vida inteira, e de certeza que um dia quando morrer e tiver a flashar a vida que viveu, esta imagem estaria lá.
Na altura com 15 anos, namorava com um dos mais famosos e desejados da escola. De cabelo compridos, 18 anos, renault 5 verde ervilha, que arrastava atrás de sim comentarios soltos como: "Bommm!!" "Olha me aquele rabo!!".
B. perguntou quem era, e soube dessa historia. Disse: "Time will tell..."
P. disse lhe imediatamente: "Dude, esquece, é areia demais para o teu camião!!" e riu se.
Os anos passaram e a separação veio dura, como o frio do inverno.
Mas B. sempre continuou assim, fixo, atento, e sem ninguém saber, desenhava a em todo o lado, imaginava a, e sentava-se nas carteiras em seu redor em todas as aulas. Desde o 9º até ao 11º em todas as aulas o seu foco de atenção era ela. Escrevia lhe sem ela saber, começou a aprender musica para poder dar voz a melodias..e tudo em segredo.
Chegou a ir espia la de bicicleta ao quiosque nas Açoteias, num Sábado chuvoso, dia em que ela trabalhava em part time, para numa de casual ir ganhando sorrisos dela. Resultado? 14km de molha!
Mas persistiu, e á Sexta desanimava porque ela não saia à noite ao fim de semana ainda. E ao Domingo, espevitava e punha e tirava, vestia e despia roupa para na Segunda estar o mais desarranjadamente arranjado na sua presença.
Foi-lhe pedindo lápis emprestado, canetas, borrachas, cadernos. Devolveu-os com dedicatórias.
E foi pedindo mais, e conseguia sorrisos, palavras e olhares descontextualizados, sem nunca esquecer o que lhe disseram dois anos antes "é areia demais para o teu camião".
Um dia aconteceu. Foram tomar café, e B. sentiu se compelido a falar, falou a tarde toda numa mesa ao canto, na Riviera. Depois sairam e foram passear ao pau da bandeira.. entretanto escurecia e regressavam a casa. Todas as Sextas á tarde isso se repetia. Tanto que ainda hj B. detesta a expressão "Tomar café" e todos os actos sociais relacionados com isso.E entretanto, sempre falando, e S. sempre escutando.
Certa tarde ela telefonou-lhe, e pediu lhe para aparecer no Pau da Bandeira. Era bom ou muito mau sinal, ela ja sabia o que o coraçao dele carregava, e podia ser a crónica de uma morte anunciada. Saiu e levou um relógio emprestado. Era para dar sorte. E deu. Uma divida de gratidao que fica até hoje.
Ela disse que tinha andado a pensar, e aconteceu. Beijaram-se ao por do sol, na praia...
B. regressou a casa radiante, era a sua 1ª namorada a sério. Guardou segredo e manteve-o até hoje guardado debaixo do travesseiro.
S. está hoje em dia casada, feliz suponho, e a morar dois passos de mim, na Quinta do Infante.
E isto era eu ontem, cheio de fé, esperança e amor.
E isto sou eu hoje, descrente e patético, escrevendo estas linhas para tentar de novo voltar a acreditar em amor.
E sabem que mais? Já nem sei se quero...
5 Comments:
At 7:55 da tarde, Anónimo said…
é engraçado depois deste tempo todo ouvir te falar disso no outro dia tive com o casal, e digo te mais ,gosto de os ver juntos:)
At 9:10 da tarde, Anónimo said…
Não gostaria que estivesse desacreditado no amor, afinal, eh este que torna a vida plena.
Quanto a mim, na minha mesquinhez, detesto admitir que senti um pouco de alívio ao saber que isso jaz no passado...
Caso não o fosse, não me conformaria com a possibilidade de ainda não tê-lo conhecido e de suspirar desta forma quando penso em vc...
bjs...
At 9:11 da tarde, Anónimo said…
Não gostaria que estivesse desacreditado no amor, afinal, eh este que torna a vida plena.
Quanto a mim, na minha mesquinhez, detesto admitir que senti um pouco de alívio ao saber que isso jaz no passado...
Caso não o fosse, não me conformaria com a possibilidade de ainda não tê-lo conhecido e de não suspirar desta forma quando penso em vc...
bjs...
At 6:21 da tarde, Hey day of mine said…
Há datas que não esquecemos, esta é uma.
Em 24/02/2003 acreditava num amor pateticamente grande, vindo quase do nada, nem sequer intencionado, ao qual já estava habituada, tanto tempo durou...
Em 24/02/2004 sabia que o amor anteriormente acreditado era invenção de dois teenagers que se achavam maiores que o tempo e a mudança.
24/02/2005: tinha um novo desafio... e se esse desafio quisesse ser chamado de "amor", teria de ser criado, moldado, explicado, ensinado com muito mais perícia, para que pudesse durar, superar tempos e mudanças.
Tive que desistir de uns e acolhi outros.
A S. deixou o B. para trás...
Mas se B. hoje em dia estivesse com S., seria feliz?
At 7:11 da manhã, Hey day of mine said…
"seria B feliz c S? será q B tem q ser feliz de todo? Será q S tem conhecimento de qem é B? Sera q B tem conhecimento de qem é S?"
Ia responder-te por aqui... mas prefiro contar uma história (verídica). Até já
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