Luto
Hoje a alvorada surgiu em tons lungrubes, soturnos, tristes por fim.
A morte instalou-se em festa, num arraial sádico e porco.
Hoje é o dia final, o dia em que eu visto luto pela primeira vez....
A chama que me quis devorar...
Um pai que perde um filho que sem saber já o tinha perdido, à muito, muito tempo atrás.
Só a noite sabe quem eu sou, só o mar me abre os braços para me embalar.
As estranhas visões que percorrem os meus sonhos, a dor que invade os meus olhos risonhos e insiste em ficar.
Mas a paz, essa palavra por mim tão almejada, só na solidão a encontro, no encontros fortuitos com a morte que com ela anda de mão dadas.
Quero muito...mas quero alguma coisa da vida, deixo-a surpreender-me, não me deixo desvanecer como sangue na água.
Há muito tempo que andava adormecido...ou pelo menos assim o queria. A virar as costas às tormentas, a fugir...
Mas algum dia eu tinha que acordar, algum dia eles deviam saber que me ia soltar...
Eu tenho as minhas culpas, que carrego como cristo carregou a cruz, mas como ele lutou contra tudo e todos, eu também tenho a minha fé, a minha esperança e o amor à vida, às lutas, às aventuras e desventuras.
Sou um vadio, devo-me comportar como tal. Devo rodar para onde me leva o vento e deixá-lo varrer os meu tormentos.
Enfim sou livre pensamento nos braços do vento leste...Vivo, mas estou vivo.
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